Retrospectiva 2007
2007 foi um ano onde o excesso de atividades se sobrepôs à freqüência ao cinema. Como pôde observar o leitor do Enquadramento, as críticas de filmes em cartaz diminuíram em função de outros trabalhos, como a produção do novo documentário de Evaldo Mocarzel (À Margem do Lixo) e do Festival de Guararema; a participação em eventos como o Panorama do Cinema Mundial, a Semana de Cinema da UFSC e a Mostra CineBH; a preparação da aula e ensaio sobre o cinema popular brasileiro do século XXI para o curso Recortes Sobre o Audiovisual Contemporâneo; a cobertura do Festival de Berlim e, por fim, a análise de importantes movimentos na política audiovisual brasileira, como a nefasta campanha da ABTA contra a tentativa de regulamentação das programadoras de TV por assinatura e os resultados dos editais da Petrobras e BNDES, os dois maiores patrocinadores do cinema brasileiro.
Um ano intenso, mas onde muitos filmes acabaram passando sem serem visto, o que prejudica sensivelmente as tradicionais retrospectivas de fim de ano. Filmes importantes – seja pela obra pregressa de seus diretores, seja pela repercussão que causaram – não foram vistas e poderiam alterar a composição da relação abaixo, caso de A Leste de Bucareste, O Hospedeiro, O Ultimato Bourne, Anjos Exterminadores, Os Donos da Noite, Novo Mundo, Mutum, A Via Láctea e Os 12 Trabalhos, por exemplo.
Feita essa ressalva, listo abaixo os filmes que mais me atrairam entre aqueles que vi nas estréias de 2007. É possível observar algumas aproximações entre os títulos listados (reflexo de tendências na produção contemporânea ou da predileção de meu olhar?), como o olhar sensível e atento de filmes como Medos Privados, Cão Sem Dono e Em Paris aos pequenos dramas dos relacionamentos humanos; as crises dos protagonistas de Maria, Em Busca da Vida e Maria Antonieta com as mudanças em curso no tempo em que vivem; e o colocar em xeque (e sob risco de colapso) a percepção do espectador de Império dos Sonhos, Possuídos e Jogo de Cena. Ao leitor/espectador cabe encontrar outras relações entre os títulos, discutir ou discordar sobre sua seleção entre os melhores do ano e eleger seus próprios favoritos. Os meus seguem abaixo:
10+ 2007
- Maria, de Abel Ferrara
- Em Busca da Vida, de Jia Zhang-ke
- Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
- Possuídos, de William Friedkin
- Medos Privados em Lugares Públicos, de Alain Resnais
- Império dos Sonhos, de David Lynch
- Maria Antonieta, de Sofia Coppola
- Cão Sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca
- Em Paris, de Christophe Honoré
- Tropa de Elite, de José Padilha
Menção Honrosa: Dias Selvagens, de Wong Kar-wai, que finalmente foi lançado em telas brasileiras, 16 anos após sua estréia no Festival de Berlim.
5+ Brasil
- Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
- Cão Sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca
- Tropa de Elite, de José Padilha
- A Casa de Alice, de Chico Teixeira
- Santiago, de João Moreira Salles