20.10.06

Cobertura da Mostra Internacional de Cinema

Caros amigos,
Mais um ano se passa, mais uma Mostra Internacional de Cinema de São Paulo para acompanharmos. Este ano, minha cobertura do evento irá se dividir entre o Cinequanon e a revista Cinética, mas vocês poderão acompanhar tudo aqui pelo Enquadramento, com a cotação para todos os filmes conferidos (de 0 a 5) e o link para as críticas que já estiverem disponíveis. Abaixo a listagem dos filmes, atualizada diariamente:
  • A Bela da Tarde, de Luis Buñuel - 4
  • À Margem do Concreto, de Evaldo Mocarzel - 3
  • A Promessa, de Chen Kaige - 1
  • Belle Toujours - Sempre Bela, de Manoel de Oliveira - 4
  • Como Festejei o Fim do Mundo, de Catalin Mitulescu - 3
  • Diários, de David Perlov - 3
  • Dias de Glória, de Rachid Bouchareb - 3
  • Dong, de Jia Zhang-Ke - 3
  • El Laberinto del Fauno, de Guillermo del Toro - 3
  • En Soap, de Pernille Fischer Christensen - 2
  • Esboços para Frank Gehry, de Sydney Pollack - 3
  • Flandres, de Bruno Dumont - 2
  • Fora de Jogo, de Jafar Panahi - 3
  • Hamaca Paraguaya, de Paz Encina - 3
  • Juventude em Marcha, de Pedro Costa - 3
  • Luzes na Escuridão, de Aki Kaurismäki - 3
  • Mary, de Abel Ferrara - 4
  • O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, Cao Hamburguer - 3
  • O Céu de Suely, de Karim Aïnouz - 4
  • O Crocodilo, de Nanni Moretti - 3
  • O Sol, de Aleksandr Sokúrov - 2
  • Os Infiltrados, de Martin Scorsese - 3
  • Paris, Te Amo, de diversos diretores - 1
  • Proibido Proibir, de Jorge Durán - 2
  • Red Road, de Andrea Arnold - 2
  • Serras da Desordem, de Andrea Tonacci - 4
  • Síndromes e um Século, de Apichatpong Weerasethakul - 4
  • Sonhos com Shanghai, de Wang Xiaoshuai - 2
  • Sonhos de Peixe, de Kirill Mikhanovsky - 4
  • Still Life, de Jia Zhang-Ke - 4
  • The Wind that Shakes the Barley, de Ken Loach - 3
  • Um Longo Caminho, de Zhang Yimou - 2
  • Voltando ao Passado, de Lynn Shelton - 2

Boa Mostra a todos!

19.10.06

Crônica de uma Fuga

Crónica de una Fuga, de Israel Adrián Caetano, Argentina, 2006 - Lumière

Como retratar momentos traumáticos da história recente de um país? Como recriar tais eventos de modo a não resvalar em um tom distante ou cerimonioso, nem tampouco na banalização ficcional?
É sobre a resposta de Adrián Caetano a essas questões - incontornáveis a todo diretor que busca em fatos reais a inspiração para seus filmes - de que trato no texto recém-publicado na Cinética sobre seu último filme, Crônica de uma Fuga, baseado na história real de presos políticos durante a dura ditadura militar argentina.
Leia a crítica do filme em:

13.10.06

Do Luto à Luta

Do Luto à Luta, de Evaldo Mocarzel, Brasil, 2005 - VHS

Um documentário sobre Síndrome de Down, financiado pelo Programa Avançado de Assistência e Tratamento a Pessoas Especiais da Petrobras e realizado por um diretor com uma relação extremamente pessoal com o tema. Do Luto à Luta é um filme que, desde o início, possuía várias armadilhas pela frente (entre as quais tornar-se piegas ou institucional são apenas as mais claras), mas que soube se construir de maneira a não só evitá-las, mas também de modo a se tornar um olhar extremamente interessante sobre o tema, mesmo para aqueles que não possuem alguma relação com ele.
É sobre a forma como o diretor Evaldo Mocarzel conseguiu construir uma obra singela e esperançosa, sem se esconder por trás de uma suposta imparcialidade, de que trato no texto recém-publicado na Cinética.
Leia a crítica do filme em:

9.10.06

Dália Negra

The Black Dahlia, de Brian De Palma, EUA, 2006 - Cabine

De Palma é um virtuose, quanto a isso restam poucas dúvidas. A questão que muitas vezes é colocada por seus detratores é se tal domínio técnico é usado a favor de seus filmes ou em proveito próprio. A esse dilema provavelmente insolúvel, Dália Negra fornece numerosos exemplos para se defender ambas as teorias: o plano seqüência na grua que revela o crime que dá nome ao filme, o plano subjetivo que apresenta a família disfuncional da personagem de Hilary Swank, a câmera lenta no momento do assassinato do policial na escadaria. Para alguns, puro deleite visual. Para outros, um desnecessário exibicionismo técnico.
Outra acusação que persegue De Palma desde o início de sua carreira também encontra suficiente combustível neste filme: a do diretor que abusa de referências e homenagens a outros filmes e diretores. Do uso de trechos de O Homem Que Ri, de Paul Leni, à citação de Dália Azul (filme que inspirou a alcunha do crime verídico no qual se baseia esta obra de De Palma), da inegável inspiração em Crepúsculo dos Deuses (na aparição final de Ramona) ao cinema de rua exibindo Anjo Diabólico (o clássico noir de Roy William Neill), exemplos não faltam para alimentar seus acusadores.
Mas para além desses estigmas e polêmicas, o que podemos tirar desta mais recente obra de Brian De Palma? Um atestado inegável de um artista em pleno domínio de sua linguagem, que nos entrega um dos mais belos filmes do ano e, desde já, um clássico moderno do cinema noir.
Para os amantes do gênero, o filme é um prato cheio. Intrigas, assassinatos, mulheres fatais, tramas intrincadas, climas soturnos, investigações e traições, tudo está lá. Mas como sempre nos filmes de De Palma, nada é exatamente o que parece. A vítima de ontem torna-se o suspeito de amanhã e o jogo de espelhos e sombras está em todo lugar. A dificuldade em se encontrar a verdade por trás da imagem que vemos é, na realidade, o principal tema de Dália Negra - algo evidente na cena em que Bucky testemunha o tiroteio em que se envolve seu parceiro. Em uma cidade concebida para tornar o sonho realidade, o quanto devemos confiar naquilo que vemos?
Fica o alerta para aqueles que costumam dar demasiada importância e atenção ao desenrolar da trama e seus mistérios: há sérios riscos de que acabem decepcionados. Não apenas porque no último quarto do filme De Palma acumula revelações numa velocidade atordoante (e elas pouco ajudam o espectador a compreender todas as implicações do que viu nas últimas duas horas), mas também – e principalmente – porque o que importa verdadeiramente ao diretor não é a trama, mas as imagens. É do poder dessas imagens em esconder e revelar a verdade que De Palma tira a força de seu belo e polêmico cinema. Para os que souberem apreciá-lo, é um prato cheio.

5.10.06

O Diabo Veste Prada

The Devil Wears Prada, de David Frankel, EUA, 2006 - Bristol

O Diabo Veste Prada poderia ser apenas mais uma de tantas versões de Hollywood para a fábula de Cinderela. Poderia, mas não é. Graças a uma sutil mudança de enfoque do diretor David Frankel e a uma atuação acachapante de Meryl Streep, o filme se posiciona para além do simples entretenimento (sem com isso perder seu apelo cômico e popular), focando-se em um estudo não tanto sobre o mundo da moda e suas contradições (embora o diretor circule a vontade pelo ambiente, cortesia dos episódios de Sex and the City que dirigiu), mas sim sobre o fascínio que o poder e o desejo exercem sobre as pessoas.
É sobre o processo que o diretor usou para obter esse resultado e os eventuais atos falhos que deixou escapar ao longo do filme de que trato no texto recém-publicado na Cinética.
Leia a crítica do filme em: