A Vida Marinha com Steve Zissou
The Life Aquatic with Steve Zissou, de Wes Anderson, EUA, 2004 - Cine Segall
Imagine os mundos de Jacques Cousteau e Bob Esponja se cruzando nos sonhos de uma criança de 8 anos. Adicione Bill Murray em mais uma excelente atuação e você terá A Vida Marinha com Steve Zissou, mais novo filme de Wes Anderson (mesmo diretor de Os Excêntricos Tenenbaums).
Imagine os mundos de Jacques Cousteau e Bob Esponja se cruzando nos sonhos de uma criança de 8 anos. Adicione Bill Murray em mais uma excelente atuação e você terá A Vida Marinha com Steve Zissou, mais novo filme de Wes Anderson (mesmo diretor de Os Excêntricos Tenenbaums).
O filme conta a história de Steve Zissou (Bill Murray), um oceanógrafo-cineasta cujos últimos documentários marítimos andam fracassando tanto quanto seu casamento com Eleanor (Anjelica Huston), a ponto de em seu último filme seu companheiro de longa data Esteban (Seymour Cassel) ter sido devorado por uma criatura que ele batizou de Tubarão-Jaguar. Ao formar uma nova expedição em busca de vingança acaba conhecendo seu pretenso filho (Owen Wilson) e sendo atormentado por uma repórter (Cate Blanchett) que pode ser sua última chance de retomar a fama que já teve.
A Vida Marinha é um caso estranho. Embora não seja um filme que funcione do começo ao fim, você não pode deixar de se apegar a ele em vários momentos, principalmente se deixar de lado a interpretação realista à qual a maior parte do cinema (e aqui não estou me restringindo apenas ao cinema norte-americano) nos habituou. Invariavelmente esses momentos são protagonizados por Bill Murray.
Devo admitir, não sem certa vergonha, que antes de Encontros e Desencontros Bill Murray continuava sendo para mim o eterno Dr. Peter Venkman de Os Caça-Fantasmas. Mas depois da sublime experiência que Sofia Coppola me proporcionou tive a grata oportunidade de revê-lo em Os Excêntricos Tenenbaums, Sobre Cafés e Cigarros, de Jim Jarmusch, e agora A Vida Marinha e posso afirmar que se trata de um dos melhores comediantes em ação atualmente. Sua atuação distanciada, blasé mesmo, consegue paradoxalmente conquistar a total empatia do público para com os personagens que interpreta, personagens esses normalmente em crise ou desiludidos, como quem veio ao mundo, deu uma olhada, não gostou do que viu e agora aguarda pacientemente o momento de ir embora. E isso tudo é feito com um humor sutil, responsável por momentos antológicos como, no caso deste filme, a cena em que demonstra as aplicações do sistema de som acoplado ao equipamento de mergulho por ele desenvolvido. Simplesmente inesquecível.
Para além da atuação de Bill Murray, Wes Anderson trabalha em torno de questões habituais ao seu cinema: a relação entre pai e filho, a desilusão gerada pela defasagem entre o reconhecimento que julgamos merecer do mundo e aquele que ele efetivamente nos reserva, tudo isso trabalhado por uma imaginação extremamente fértil, autoral e incomum no meio em que foi gerado: o mainstream hollywoodiano. O problema é que esse mundo criado por Anderson muitas vezes acaba tornando-se egocêntrico e perdendo a relação e empatia com o público.
Como disse o crítico Roger Ebert, é o tipo de filme que não posso recomendar, mas tampouco desencorajaria sequer por um único segundo alguém a vê-lo. E para nós, brasileiros, ainda há a grata surpresa da trilha sonora composta de versões de Seu Jorge, que também atua no filme, para clássicos de David Bowie.
3 Comments:
Eu descreveria como estranho, mas o cruzamento do mundo de Jacques Cousteau e Bob Esponja é perfeito! Apesar de achar que a relação pai/filho e a inevitável aposentadoria poderiam ser mais exploradas, aceito que essa não seja a intenção do filme.
Um pouco atrasado, mas acabei vendo este filme. Vi e não gostei. :(
Em raros momentos consegui um risinho chocho. O filme não disse a que veio: não faz rir, não desperta emoções, não estimula os neurônios.
O filme tem um toque de originalidade, é verdade. Mas "nem toda lucidez é velha, nem toda loucura é genial".
Um pouquinho atrasado? Hehehehe... Esta foi a primeira crítica que publiquei no Enquadramento!
Mas vai dizer que a cena do Bill Murray dançando com roupa de mergulho ao som de um walkman não é impagável? Vale o filme!
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