Cinética
Acaba de entrar no ar a mais nova revista eletrônica de crítica cinematográfica da Internet brasileira: a Cinética. A revista é capitaneada por Cléber Eduardo (crítico com passagem pelas revistas Época e Contracampo, diretor do curta-metragem Almas Passantes), Eduardo Valente (ex-editor da Contracampo, diretor dos curtas Um Sol Alaranjado, Castanho e O Monstro, todos selecionados para diferentes seções do Festival de Cannes) e Felipe Bragança (crítico com atuação de cinco anos na Contracampo, diretor dos curtas Por Dentro de uma Gota d’Água, O Nome Dele (O Clóvis) e Jonas e a Baleia).
O currículo de seus editores já demonstra o principal diferencial dessa empreitada: a estreita relação entre a produção e a reflexão cinematográfica. Para entenderem um pouco melhor os objetivos da revista, segue um trecho do editorial desta primeira edição:
Fui convidado a fazer parte da redação dessa nova revista e aceitei o desafio com enorme prazer. A partir de hoje, portanto, além de meus textos regulares aqui no Enquadramento e no Cinequanon, vocês poderão encontrar outros textos inéditos na Cinética.CINÉTICA ambiciona ser um espaço de troca de pensamentos – não sem dúvidas, porque a escrita, essa atividade a qual nos dedicamos, é uma dança com a dúvida. CINÉTICA é nutrida pelo desejo por essa dança, um desejo às vezes até aparentado da certeza, tamanha a convicção nele mesmo, nos estímulos, em nossa atividade e na discussão como ferramenta de crescimento – mas sabendo que, sem a dúvida, a crítica é sepultada no jazigo dos dogmas, onde não se aceita o movimento livre das idéias.CINÉTICA é um site empenhado em manter um diálogo direto e franco com o audiovisual e seus realizadores. Nossas intervenções abrangerão desde ensaios sobre dilemas estruturais a comentários urgentes sobre filmes, programas de TV, videogames e projetos para internet.A criação de poros, de um espaço de troca constante entre o esforço crítico e o esforço de realização de imagens, nos parece crucial para a maturidade e a vivacidade do cinema, em especial no universo brasileiro, demarcado por disputas políticas e econômicas que levam as discussões a acontecer fora das obras audiovisuais e não por dentro delas.Por isso mesmo, não é acaso a situação de críticos-realizadores (ou realizadores-críticos) dos três editores, que vivem na pele o constante e saudável embate dos dilemas dos criadores com os da reflexão sobre as obras criadas. Esperamos que este teor altamente metalinguístico de nossa relação entre criação e reflexão transpire nas páginas virtuais desta revista. Da mesma forma, vários dos componentes de nossa redação já passaram ou ainda passam pela realização audiovisual, nas mais diversas formas.
Esta primeira edição já conta com os seguintes textos meus:
- Tempo de Guerra, de lama e caos – uma nova análise de Veneno da Madrugada, de Ruy Guerra;
- Imagem sob Suspeita – sobre Caché, de Michael Haneke;
- Brasília, My Love – sobre o retrato de Brasília feito por dois filmes recentes: Brasília 18%, de Nelson Pereira dos Santos, e A Concepção, de José Eduardo Belmonte;
- Em Nome do Pai – sobre a representação da figura paterna em alguns filmes contemporâneos: A Vida Marinha com Steve Zissou (Wes Anderson), Flores Partidas (Jim Jarmusch), Estrela Solitária (Wim Wenders), Chaves de Casa (Gianni Amelio), A Criança (irmãos Dardenne) e Reis e Rainha (Arnaud Desplechin);
Vale a pena uma visita demorada ao site, que além de críticas para praticamente todos os filmes nacionais que estrearam este ano, conta com alguns ensaios muito interessantes, como o de Kleber Mendonça Filho sobre as visões do Sertão pelo cinema brasileiro contemporâneo, o de Cléber Eduardo sobre como o Brasil atual é visto pela ótica de cineastas veteranos e o de Felipe Bragança sobre o retrato da periferia desenhado por programas como Central da Periferia e Falcão – Meninos do Tráfico.
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