Bonecas Russas
Les Poupées Russes, de Cédric Klapisch, França, 2005 - Cabine
Em 2002, Cédric Klapisch lançava Albergue Espanhol, um pequeno filme que atingiu mais de 3 milhões de espectadores na França. Sem grandes pretensões, a obra de Klapisch retratava com simpatia e fidelidade as experiências e questionamentos de estudantes que se aventuravam a conhecer outras culturas através de programas de intercâmbio, conseguindo com isso grande empatia junto ao público jovem europeu.
Em 2002, Cédric Klapisch lançava Albergue Espanhol, um pequeno filme que atingiu mais de 3 milhões de espectadores na França. Sem grandes pretensões, a obra de Klapisch retratava com simpatia e fidelidade as experiências e questionamentos de estudantes que se aventuravam a conhecer outras culturas através de programas de intercâmbio, conseguindo com isso grande empatia junto ao público jovem europeu.Com Bonecas Russas, o diretor francês retoma os mesmos personagens de Albergue Espanhol cinco anos depois, acompanhando o amadurecimento de seus dilemas e relações. Infelizmente, Klapisch demonstra não ter ele mesmo amadurecido na direção, criando uma seqüência nitidamente inferior ao filme que a originou.
Bonecas Russas aparenta ser, desde o início, uma produção desleixada, feita às pressas para aproveitar o sucesso da obra anterior. O filme carece de ritmo – apesar da montagem ágil que busca dar conta, através de flashbacks e histórias paralelas, da complexidade das relações e dos pensamentos do protagonista Xavier (Romain Duris) – e seu humor é de gosto, no mínimo, bastante duvidoso. Rodado em HD (vídeo digital de qualidade inferior à tradicional película 35mm), o filme possui ainda uma fotografia que beira a negligência completa.
Klapisch se estende por mais de 90 minutos antes de definir seu foco entre as tentativas de Xavier de viabilizar sua escolha profissional e seus relacionamentos conturbados com mulheres dos mais diversos tipos. Colabora para esse arrastar do filme a interpretação de Duris, freqüentemente eclipsado pelas atrizes com quem contracena, em especial Cécil de France (Isabelle, a amiga lésbica de Xavier) e Kelly Reilly (Wendy, a garota britânica de Albergue Espanhol).
Quando opta por se concentrar nos percalços do relacionamento de Wendy e Xavier, o filme ganha em força e coerência, mas já é tarde demais para resgatar o interesse do espectador. Perde-se assim uma bela oportunidade de um retrato bem humorado e sensível desses jovens adultos contemporâneos, que aos 30 anos ainda buscam um sentido para suas vidas e relacionamentos.
2 Comments:
Ah, tenho que discordar de vc!
Gostei muito mais de "Bonecas Russas" do que de "Albergue Espanhol". Baixei o filme sem saber que era a continuação de "Albergue Espanhol"...se soubesse, não teria baixado.
"Albergue Espanhol" foi para mim um típico teen movie, mas uma versão um pouquinho melhor...
Rubia,
O Albergue Espanhol é o típico filme que depende muito da relação do espectador com a experiência vivida pelos personagens para funcionar. Assisti ao lado de pessoas que viveram essa experiência do intercâmbio e com outras que não: a diferença na recepção do filme é gritante nos dois grupos.
Ou seja, Klapisch conseguiu reproduzir fielmente uma experiência de grande impacto emocional, mas isso só atinge aqueles que a viveram.
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