6.4.06

Bonecas Russas

Les Poupées Russes, de Cédric Klapisch, França, 2005 - Cabine

Em 2002, Cédric Klapisch lançava Albergue Espanhol, um pequeno filme que atingiu mais de 3 milhões de espectadores na França. Sem grandes pretensões, a obra de Klapisch retratava com simpatia e fidelidade as experiências e questionamentos de estudantes que se aventuravam a conhecer outras culturas através de programas de intercâmbio, conseguindo com isso grande empatia junto ao público jovem europeu.
Com Bonecas Russas, o diretor francês retoma os mesmos personagens de Albergue Espanhol cinco anos depois, acompanhando o amadurecimento de seus dilemas e relações. Infelizmente, Klapisch demonstra não ter ele mesmo amadurecido na direção, criando uma seqüência nitidamente inferior ao filme que a originou.
Bonecas Russas aparenta ser, desde o início, uma produção desleixada, feita às pressas para aproveitar o sucesso da obra anterior. O filme carece de ritmo – apesar da montagem ágil que busca dar conta, através de flashbacks e histórias paralelas, da complexidade das relações e dos pensamentos do protagonista Xavier (Romain Duris) – e seu humor é de gosto, no mínimo, bastante duvidoso. Rodado em HD (vídeo digital de qualidade inferior à tradicional película 35mm), o filme possui ainda uma fotografia que beira a negligência completa.
Klapisch se estende por mais de 90 minutos antes de definir seu foco entre as tentativas de Xavier de viabilizar sua escolha profissional e seus relacionamentos conturbados com mulheres dos mais diversos tipos. Colabora para esse arrastar do filme a interpretação de Duris, freqüentemente eclipsado pelas atrizes com quem contracena, em especial Cécil de France (Isabelle, a amiga lésbica de Xavier) e Kelly Reilly (Wendy, a garota britânica de Albergue Espanhol).
Quando opta por se concentrar nos percalços do relacionamento de Wendy e Xavier, o filme ganha em força e coerência, mas já é tarde demais para resgatar o interesse do espectador. Perde-se assim uma bela oportunidade de um retrato bem humorado e sensível desses jovens adultos contemporâneos, que aos 30 anos ainda buscam um sentido para suas vidas e relacionamentos.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ah, tenho que discordar de vc!
Gostei muito mais de "Bonecas Russas" do que de "Albergue Espanhol". Baixei o filme sem saber que era a continuação de "Albergue Espanhol"...se soubesse, não teria baixado.
"Albergue Espanhol" foi para mim um típico teen movie, mas uma versão um pouquinho melhor...

23/8/06 20:42  
Blogger Leonardo Mecchi said...

Rubia,

O Albergue Espanhol é o típico filme que depende muito da relação do espectador com a experiência vivida pelos personagens para funcionar. Assisti ao lado de pessoas que viveram essa experiência do intercâmbio e com outras que não: a diferença na recepção do filme é gritante nos dois grupos.

Ou seja, Klapisch conseguiu reproduzir fielmente uma experiência de grande impacto emocional, mas isso só atinge aqueles que a viveram.

24/8/06 09:24  

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