2.2.07

Dias de Glória

Indigènes, de Rachid Bouchareb, França/Argélia/Marrocos/Bélgica, 2006 - Mostra SP

Em Dias de Glória, o diretor Rachid Bouchareb resgata a memória da participação das colônias africanas na libertação da França durante a 2ª Guerra Mundial, ancorando-se para isso num registro realista - como deixam claro as impressionantes cenas de batalha e os registros documentais dos créditos iniciais. Ao mesmo tempo, busca realizar uma denúncia do descaso que a França destinou aos seus “heróis” - denúncia essa explicitada nos créditos finais do filme. O curioso é que, ao desenvolver sua narrativa, o diretor francês opta (de maneira aparentemente inconsciente) por construir um retrato deveras conivente da postura francesa perante os soldados africanos e, eventualmente, acaba por reproduzir uma atitude submissa destes.
É sobre essas contradições e atos falhos que acabam por enfraquecer uma obra interessante e bem encenada de que trato no texto recém-publicado na Cinética.
Leia a crítica do filme em:

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Quando vi o trailer desse filme (no dia em que fui assistir Apocalypto) me lembrei muito do filme Terra de Ninguém (um filme bósnio que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro). Não sei porquê isso aconteceu. Atualmente vem acontecendo uma banalização no mercado de filmes de guerra (parece que todo mundo quer copiar todo mundo). Há pouco tempo teve um interessante chamado Feliz Natal. Pena que às vezes os diretores pequem por falta de originalidade e acabam mostrando temas batidos e já explorados por outros cineastas.

(http://claque-te.blogspot.com): Apocalypto, de Mel Gibson.

4/2/07 09:02  
Blogger Leonardo Mecchi said...

Roberto,

Veja bem, "Dias de Glória" não é um mau filme. Pelo contrário, é muito bem feito. O que me incomodou foi a contradição entre a intenção denuncista do filme e o retrato subserviente dos soldados africanos. Quando assistir, me diga o que achou.

5/2/07 09:30  
Anonymous Anônimo said...

Excelente filme que mostra o princípio da morte da França colonialista, tendo a 2ª Guerra Mundial como cenário. Os soldados "indígenas", nativos das colônias francêsas, que não tinham direito à cidadania francêsa, apresentam-se para lutar bravamente pela França Livre, enquanto muitos cidadãos francêses, inclusive militares eram colaboracionistas dos nazistas (França de Vichy).
Após a Guerra, esses soldados não tiveram direito à cidadania e pensão militar de veteranos de guerra, apesar de todo heroismo no momento da história recente em que a França mais precisou. A alegação para denegarem a cidadania foi o fato de que esses soldados
"indígenas" não eram descendentes de cidadãos francêses(jus sanguinis), nem tinham nascido em solo francês (jus solis), uma vez que eram originários das populações nativas das colônias francêsas. Não tendo igualmente direito à pensão militar de veteranos de guerra francêses, uma vez que não eram cidadãos!
O filme mostra bem o cinismo francês, ainda existente hoje.

26/8/08 23:44  

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