Cinefilia Portenha
Um pequeno teste para o leitor: em que cidade do mundo é possível encontrar salas de cinema dedicadas exclusivamente à produção nacional? Uma cidade onde filmes como Mal dos Trópicos, Tarnation e Hamaca Paraguaya são lançados comercialmente (sendo o último lançado não apenas com mais de uma cópia, como dividindo espaço em dois multiplexes com filmes como Torres Gêmeas)? Onde os três principais museus da cidade exercem sua função sócio-cultural e possuem salas de cinema com uma programação diferenciada? Uma cidade que publica há 15 anos, ininterruptamente, uma revista dedicada exclusivamente ao cinema, que não apenas discute como define os rumos da cinematografia nacional? Onde os escritos dos grandes teóricos do cinema podem ser encontrados facilmente, em boas edições, em qualquer livraria e a preços acessíveis? Uma cidade onde a produção cinematográfica é tão efervescente que você pode esbarrar, em um mesmo dia, em mais de um set de filmagem ao caminhar por suas ruas? Se o leitor respondeu Paris, pode não estar errado, mas certamente se surpreenderá ao saber que, a aproximadamente três horas de vôo de São Paulo, poderá encontrar uma outra cidade cuja paixão pelo cinema é capaz de deixar qualquer cinéfilo brasileiro de boca aberta: Buenos Aires.
Após a Mostra de Cinema de São Paulo, resolvi tirar merecidas férias e aportei na capital argentina. O que não esperava era que, ao invés de descansar a mente e os olhos, como planejado, após uma maratona de mais de 40 filmes, fosse mergulhar ainda mais profundamente no cinema. Embora já soubesse dessa paixão de nossos vizinhos, não esperava encontrá-la de maneira tão forte e onipresente.
É sobre essa minha experiência com a paixão argentina pelo cinema e sobre como ela pode servir de modelo para iniciativas semelhantes no Brasil de que trato no artigo recém-publicado na Cinética.
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