31.8.07

Possuídos

Bug, de William Friedkin, EUA, 2006 - Cabine

Como tantos filmes pós-11 de setembro, Possuídos será visto por muitos como um estudo sobre a paranóia atual da sociedade norte-americana. O filme pode até servir a isso, mas é também muito mais. A potência inegável da obra de Friedkin se deve menos a seu suposto retrato preciso do zeitgeist contemporâneo do que à maneira como trabalha questões atemporais como a dor da perda, o medo da solidão e a necessidade de se encontrar uma lógica (ainda que perversa e distorcida) para se explicar o mundo aparentemente desconexo em que vivemos. Isso, e a maestria com que o diretor constrói seu tour de force cinematográfico.
É sobre as características que fazem de Possuídos um dos melhores filmes do ano de que trato no texto recém-publicado na Cinética.
Leia a crítica do filme em:
Atualização de 10/Setembro: Nota sobre o lançamento do filme no circuito comercial em São Paulo.

20.8.07

O cinema popular brasileiro do século 21

O que seria um cinema popular brasileiro dos anos 2000? O que atrai hoje o grande público a um filme nacional? Raramente analisados em conjunto, os filmes populares podem trazer muitas informações e revelações sobre um determinado estado das coisas do cinema brasileiro contemporâneo – e, principalmente, sobre seu público médio.
Normalmente, denomina-se cinema popular aquele que atinge grandes números nas bilheterias do circuito comercial. Tal definição, entretanto, pode trazer – como tem trazido – uma série de interpretações errôneas, quando não nocivas, sobre o que é (ou deveria ser) o cinema brasileiro que encontra eco junto ao grande público.
Buscando definir quais as características comuns aos filmes brasileiros de maior bilheteria dos anos 2000, como eles dialogam com os sucessos das últimas quatro décadas e de que maneira as condições de mercado e as ações do poder público influenciam em sua receptividade junto ao grande público, desenvolvi o curso ministrado no CineSesc em julho último. Agora, acabo de publicar um artigo na Cinética onde aprofundo as questões tratadas naquele curso.
Leia o artigo em:
Parte 1 - Uma realidade encenada e as franquias nacionais
Parte 2 - A Globo, as majors... e o sexo sumiu!

3.8.07

Conceição - Autor Bom é Autor Morto

Conceição - Autor Bom é Autor Morto, de André Sampaio, Cynthia Sims, Daniel Caetano, Guilherme Sarmiento e Samantha Ribeiro, Brasil, 2007 - CineSesc

Como pôde ser observado por quem acompanhou as exibições de Conceição – Autor Bom é Autor Morto na Mostra de Tiradentes e no CineEsquemaNovo (de onde saiu com o prêmio de público), trata-se de um filme com grande potencial de diálogo com o espectador – mas certamente não aquele que hoje freqüenta as salas do “circuito de arte”.
Historicamente, muitos dos traços trabalhados por seus diretores (o humor debochado, a transgressão, o gore-trash, o apelo sexual) eram características comuns aos filmes efetivamente “populares” (aqui entendido como aqueles que atraiam uma parcela não-elitizada da população) dos anos 70 e início dos 80, levando grande público para as salas de cinema de rua.
No entanto, o filme estreou esta semana em São Paulo e Rio de Janeiro dividindo horário em apenas uma sala do Unibanco Arteplex de cada cidade. Para completar, em São Paulo o Estadão ignorou solenemente a estréia, enquanto, no Rio, O Globo desancou o filme como uma “piadinha de cineasta” e tacou o bonequinho dormindo. Pronto, está montado o cenário para o enterro precoce de mais um filme brasileiro: 164 espectadores no final de semana de estréia, segundo o Filme B.
É sobre as características que tornam Conceição uma exceção no cenário cinematográfico brasileiro contemporâneo e sobre a incapacidade do mercado exibidor absorver esse tipo de transgressão de que trato no texto recém-publicado na Cinética.
Leia a análise em:
Atualização de 08/Agosto: Repercussão - debate com um dos diretores do filme, Daniel Caetano, a respeito de meu texto original.