2.1.08

Retrospectiva 2007

2007 foi um ano onde o excesso de atividades se sobrepôs à freqüência ao cinema. Como pôde observar o leitor do Enquadramento, as críticas de filmes em cartaz diminuíram em função de outros trabalhos, como a produção do novo documentário de Evaldo Mocarzel (À Margem do Lixo) e do Festival de Guararema; a participação em eventos como o Panorama do Cinema Mundial, a Semana de Cinema da UFSC e a Mostra CineBH; a preparação da aula e ensaio sobre o cinema popular brasileiro do século XXI para o curso Recortes Sobre o Audiovisual Contemporâneo; a cobertura do Festival de Berlim e, por fim, a análise de importantes movimentos na política audiovisual brasileira, como a nefasta campanha da ABTA contra a tentativa de regulamentação das programadoras de TV por assinatura e os resultados dos editais da Petrobras e BNDES, os dois maiores patrocinadores do cinema brasileiro.
Um ano intenso, mas onde muitos filmes acabaram passando sem serem visto, o que prejudica sensivelmente as tradicionais retrospectivas de fim de ano. Filmes importantes – seja pela obra pregressa de seus diretores, seja pela repercussão que causaram – não foram vistas e poderiam alterar a composição da relação abaixo, caso de A Leste de Bucareste, O Hospedeiro, O Ultimato Bourne, Anjos Exterminadores, Os Donos da Noite, Novo Mundo, Mutum, A Via Láctea e Os 12 Trabalhos, por exemplo.
Feita essa ressalva, listo abaixo os filmes que mais me atrairam entre aqueles que vi nas estréias de 2007. É possível observar algumas aproximações entre os títulos listados (reflexo de tendências na produção contemporânea ou da predileção de meu olhar?), como o olhar sensível e atento de filmes como Medos Privados, Cão Sem Dono e Em Paris aos pequenos dramas dos relacionamentos humanos; as crises dos protagonistas de Maria, Em Busca da Vida e Maria Antonieta com as mudanças em curso no tempo em que vivem; e o colocar em xeque (e sob risco de colapso) a percepção do espectador de Império dos Sonhos, Possuídos e Jogo de Cena. Ao leitor/espectador cabe encontrar outras relações entre os títulos, discutir ou discordar sobre sua seleção entre os melhores do ano e eleger seus próprios favoritos. Os meus seguem abaixo:

10+ 2007
  1. Maria, de Abel Ferrara
  2. Em Busca da Vida, de Jia Zhang-ke
  3. Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
  4. Possuídos, de William Friedkin
  5. Medos Privados em Lugares Públicos, de Alain Resnais
  6. Império dos Sonhos, de David Lynch
  7. Maria Antonieta, de Sofia Coppola
  8. Cão Sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca
  9. Em Paris, de Christophe Honoré
  10. Tropa de Elite, de José Padilha

Menção Honrosa: Dias Selvagens, de Wong Kar-wai, que finalmente foi lançado em telas brasileiras, 16 anos após sua estréia no Festival de Berlim.

5+ Brasil

  1. Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho
  2. Cão Sem Dono, de Beto Brant e Renato Ciasca
  3. Tropa de Elite, de José Padilha
  4. A Casa de Alice, de Chico Teixeira
  5. Santiago, de João Moreira Salles